Fauna

Tartaruga-da-Amazônia: espécies ameaçadas pela atividade humana

Os quelônios pertencem à classe dos répteis e são animais de fácil identificação devido à presença de um casco composto de duas partes, a carapaça e o plastrão e de um bico córneo para ajudar na alimentação, já que não possuem dentes como na maioria dos vertebrados.

A conservação dos quelônios da Amazônia é um assunto urgente, especialmente as cinco espécies da família Podocnemididae, por serem espécies ameaçadas devido ao alto consumo de seus ovos e carne. Os quelônios da amazônia são uma tradicional fonte de proteína para as comunidades locais, porém se o consumo desenfreado e os efeitos das alterações no meio ambiente continuarem devido às atividades humanas, não sabemos qual será o futuro deste grupo.

Uma pesquisa com espécies focais da família Podocnemididae feita pela WCS-Brasil, catalogou estes dados:

Tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa): É considerada a maior espécie do gênero Podocnemis, chegando a medir cerca 90 cm e a pesar 65 kg. São onívoras, mas preferencialmente se alimentam de folhas, frutos e caules. Depositam entre 100 e 150 ovos por ano em praias altas de areia grossa.

Tracajá (Podocnemis unifilis): É considerada a espécie mais comum do gênero, chegam a medir 50 cm e a pesar 12 kg. Os filhotes e machos adultos possuem manchas amarelas na cabeça. São onívoros, alimentando-se preferivelmente de frutos,sementes e caules. Colocam em média 30 ovos em diferentes locais, tais como praias, barrancos argilosos e folhiços. 

Iaça (Podocnemis sextuberculata): É considerada uma das menores espécies do gênero Podocnemis, chegando a medir 34 cm e a pesar 3,5kg. Os filhotes distinguem das outras espécies por possuir, seis tubérculos no plastrão que quando adultos desaparecem. São predominantemente herbívoras, alimentando-se de gramíneas. Colocam em média 16 ovos em praias. 

Irapuca (Podocnemis erythrocephala): É considerada a menor espécie do gênero Podocnemis chegam a medir 34 cm e a pesar 2,8 kg. Os filhotes e machos adultos possuem manchas vermelhas na cabeça. Preferivelmente se alimentam de frutos e sementes. Colocam em média 8 ovos em campinas e praias do rios de clara e principalmente água preta.

Cabeçudo (Peltocephalus dumeriliana): Diferente das outras espécies da família Podocnemididae, os machos são maiores que as fêmeas, chegando a medir 50 cm e apesar 11 kg. Possui a cabeça grande e a boca em forma de bico de papagaio. Andam pelo fundo dos rios e igarapés. Colocam em média 16 ovos grandes em ninhos nos barrancos próximos a igarapés na floresta.

Conservação:

No mundo existem cerca de 330 espécies de quelônios, sendo que atualmente entre 48 e 54 % das espécies sofrem algum tipo de ameaça humana, levando o grupo a ser considerado um dos mais ameaçados entre os vertebrados. Na Amazônia brasileira o grau de ameaça dos quelônios não é diferente do restante do mundo, das 16 espécies existentes apenas cinco não sofrem algum tipo de ameaça, provavelmente pelo fato de que não se tem informações suficientes sobre estas espécies:

  1. Rinoclemy spunctularia;
  2. Phrynops raniceps;
  3. P. gibbus;
  4. Platemys platycephala;
  5. Rhinemys rufipes). 

Dentre as espécies mais ameaçadas na Amazônia brasileira, a família Podocnemididae é a que mais se destaca, devido ao consumo desenfreado de ovos e carne desde a chegada da colonização portuguesa no século 19, principalmente nos rios Amazonas, Madeira e Negro. Somente próximo a cidade de Tefé eram retirados cerca de 48 milhões de ovos por ano de tartaruga-da-amazônia para alimentação e iluminação da cidade (Bates, 1979; Klemens & Thorbjarnarson, 1995).

Importância ecológica:

Os quelônios ocupam os ambientes terrestres e aquáticos. Onde ocorrem, são responsáveis por diversas interações ecológicas como, a dispersão de sementes.

Com dieta variada, consomem plantas (folhas, frutos e sementes), insetos, peixes e matéria morta, participando de complexas teias alimentares enquanto predadores ou ainda enquanto presas naturais de jacarés, grandes peixes, mamíferos, aves e outros.

Desta maneira, o grupo é importante na ciclagem de nutrientes, por transformarem em proteína animal em matéria orgânica, viva e morta, oriundas tanto da floresta como do ambiente aquático. Ao ingerir em grandes quantidades de matéria morta, também atuam na “limpeza” de rios.

AMEAÇAS

Atualmente, entre os quelônios amazônicos as principais ameaças são o consumo e principalmente o tráfico ilegal de carne e ovos. Apesar de outros fatores, tais como:

  1. desmatamento;
  2. aquecimento global;
  3. criação de gado ao longo dos corpos d’água;
  4. e construção de hidroelétricas, que impedem a movimentação dos quelônios, mudam o ciclo hidrológico do rio e alteram os sedimentos da área.

É por essas e outras que vemos o quão negativamente as atividades humanas estão agindo sobre o meio ambiente.

Assista e conheça os Quelônios da Amazônia:

Leia mais em: WCS BRASIL

Fontes:

Instituto Mamirauá

SOS Amazônia

Lara Meneguelli

LARA MENEGUELLI é Técnica em Meio Ambiente, tradutora, redatora, multiartista e capoeirista. Com foco em educação ambiental, bio construção, permacultura, horta orgânica e práticas sustentáveis, é criadora da Casa Angola Viva. Também é brincante e pesquisadora do Grupo de Estudos da Cultura Popular Brasileira Capoeira Angola Resiste.

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