O poder dos psicodélicos: a Caatinga brasileira pode ter a cura para a depressão

Já conhece a jurema-preta ou Jurema Sagrada?
A jurema-preta é uma planta de efeito psicodélico que tem sido estudada para tratar depressão, e que também é usada em rituais de religiões de matriz africana e indígena.
Segundo o livro de Marcelo Leite A ciência encantada de Jurema, a ciência e o saber ancestral da jurema-preta se unem, com resultados mais promissores do que a farmacologia tradicional. Assim como a ayahuasca, a jurema-preta contém a molécula do DMT, de efeito psicodélico, e é utilizada há séculos por populações negras e indígenas para curar os males da alma e do corpo.
O uso medicinal da jurema-preta tem apresentado resultados positivos no combate à depressão. Quem lidera essa pesquisa é a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que trata pacientes com depressão resistente, ou seja, que não respondem bem aos medicamentos tradicionais.
A jurema-preta é ligada a religiões de matriz africana e indígena, como a Umbanda e a Jurema Sagrada, que têm seus ritos perseguidos por racismo religioso desde o período colonial, o que só contribui para o apagamento cultural da planta.
Para Marcelo Leite, a jurema-preta é a mais brasileira das religiões, assim como já cantavam Os Tincoãs em “Canto e danço pra curar”:
“Eu sou juremeira, sou nego juremá,
sou forte curandeiro,
de Aruanda eu vim cá!
Meu canto é força, meu dançar, magia!
Você em mim confia,
ninguém pode derrubar!”
Sobre o livro A ciência encantada de Jurema:
No livro do jornalista, Marcelo volta a investigar o poder dos psicodélicos.
Ele também é autor de Psiconautas: viagens com a ciência psicodélica brasileira (Fósforo, 2021), e agora envereda pelos mistérios da jurema-preta, planta do semiárido nordestino que é usada há séculos. Elemento central da religião Jurema Sagrada, antes conhecida como Catimbó, e do culto à entidade Cabocla Jurema, essa planta se encontra no cerne dos estudos científicos mais recentes sobre o uso da substância N,N-dimetiltriptamina (DMT).
Em seu percurso pelo interior do país, para escrever esta obra superimportante, Marcelo Leite nos presenteia com duas experiências maravilhosas:
- a primeira é essa geografia física do bioma da caatinga;
- e a segunda, a geografia humana, mostrando o contexto histórico, a fundamentação antropológica e, sobretudo, a nossa gente, com seu protagonismo cultural.
Pioneiro na divulgação do tema, Leite mescla ciência, história e antropologia e nos conduz por uma jornada inesquecível, que vai do seu próprio uso de DMT como voluntário em estudos científicos até a ingestão do vinho da jurema em rituais religiosos, passando por Alhandra (PB), a Meca da Jurema Sagrada, e outros centros juremeiros do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco e de São Paulo.
O resultado é um retrato inédito e completo, que atesta a importância da jurema-preta na representação do Brasil, com seu sincretismo religioso, sua fé na natureza e seus avanços científicos.
Fontes: