Fiel e venenosa: nova espécie de rã monogâmica é descoberta por cientistas na Amazônia

Nas margens do Rio Eiru, na floresta Amazônica, pesquisadores brasileiros descobriram uma população de 12 sapos que pertence a uma espécie inédita para a ciência. Batizado Ranitomeya aquamarina, o anfíbio é menor que uma moeda de cinco centavos (com algo entre 15 e 18 mm de tamanho), e chama a atenção por sua alta toxidade e suas cores brilhantes, com listras e aspecto metálico. Além de um comportamento aparentemente monogâmico, algo raro entre anfíbios.
Os exemplares da nova espécie estavam em uma seção de floresta preservada em torno de bananeiras-bravas, próximo à margem do Rio Eiru, um afluente do Rio Juruá, que cruza a cidade de Eirunepé, no Amazonas. Trata-se da primeira espécie inédita de rã venenoso do gênero Ranitomeya sp. a ser registrada em quase 13 anos.
Alexander Mônico, pesquisador do Inpa que participou da descoberta, explicou a escolha do nome científico para a nova espécie:
“O epíteto específico “aquamarina” é um adjetivo latino que significa “azul-esverdeado”, referindo-se à coloração das listras dorso-laterais da nova espécie. Outro aspecto que nos levou a nomeá-la assim foram os tons metálicos azul e esverdeado das listras, que lembram água do mar. Além disso, a ‘água-marinha’ é uma pedra preciosa, o que remete filosoficamente o valor desta descoberta”.
A equipe do estudo é composta principalmente por pesquisadores do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).
Sapos cantores
Para além de sua coloração, os pesquisadores também descobriram algo curioso sobre o comportamento dos pequenos e brilhantes sapos: eles parecem ser monogâmicos. O motivo disso ser incomum é que os anfíbios são geralmente observados como pequenos galanteadores coaxantes.
R. aquamarina, por sua vez, foi observada principalmente em casais. Quando as fêmeas desses casais eram capturadas, inclusive, seus parceiros machos gritavam incessantemente como forma de “coagir” os pesquisadores a devolverem a suas amadas. Muito romântico!

Outro exemplo dessa vocalização pôde ser observado como técnica de estabelecer território. Em testes, os especialistas reproduziram uma gravação de seus próprios chamados, e os machos agiram de forma territorialmente dominantes, respondendo e se aproximando do som.
A equipe percebeu ainda que a espécie apresentou uma maior atividade durante o dia. Logo pela manhã, os machos tendem a emitir um trinado, ou chamado, de longa duração, com 21 a 45 notas. Empoleirados nas folhas, eles vocalizam por várias horas antes de se dissiparem no final da manhã.
Cores alerta
Segundo os especialistas, a coloração metálica brilhante em sapos representa uma adaptação defensiva para alertar os predadores de que eles são tóxicos. Ela serve ainda como um aviso de que os exemplares podem não ter um gosto tão saboroso.
A espécie é descrita como tendo um corpo preto com listras metálicas paralelas que variam do turquesa-claro ao verde-amarelado-claro. Seus membros são laranja-metálico-cromado e algumas partes de seu corpo têm manchas vermelho-escuras.
Tais anfíbios apresentam mãos relativamente grandes e pontas dos dedos em formato de disco, algumas das quais são significativamente maiores do que as outras. Acredita-se que essa estrutura os torna bastante ágeis nos ecossistemas naturais.
Viva a floresta Amazônica brasileira!
Fontes: