Mulheres inspiradoras: Líder indígena Sônia Guajajara é uma das pessoas mais influentes do mundo

A líder indígena e ativista Sônia Guajajara está na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo. Ela foi eleita uma das 100 pessoas mais influentes de 2022 pela revista TIME e, em 2023, apontada como uma das 100 mulheres mais inspiradoras e influentes no mundo pela BBC.
Sônia Guajajara tem mais de duas décadas de militância pelos direitos dos povos indígenas brasileiros.
Sônia Guajajara, inspiração
Nascida na Terra Indígena de Araribóia, no Maranhão em 1974, Sônia, do povo Guajajara/Tentehar, dedicou a vida para combater a invisibilidade dos povos indígenas.
Em cerca de duas décadas de atuação na luta pelos direitos das populações originárias, atuou em diferentes organizações e movimentos, como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), da qual é coordenadora executiva.
Com uma grande trajetória de ativismo, Guajajara é reconhecida internacionalmente, por causa das dezenas de denúncias que já fez na Organização das Nações Unidas (ONU), no Parlamento Europeu e nas Conferências Mundiais do Clima (COP), de 2009 a 2021, sobre violações de direitos indígenas.
A maranhense já viajou mais de 30 países do mundo na luta pelos seus ideais.
Pré-candidata a deputada federal pelo PSOL em São Paulo, ela entrou para a história da política brasileira em 2018, quando foi candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos (PSOL).
Sônia Guajajara foi a primeira indígena a concorrer ao cargo.
Inclusive, foi Boulos (que é coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto do Brasil) quem escreveu o perfil de Guajajara na Time.
Ele destacou o fato de ela ter saído de casa aos 10 anos para trabalhar e, contrariando as estatísticas, ter chegado ao ensino superior.
Filha de pais analfabetos, aos 15 anos foi convidada para cursar o ensino médio no Estado de Minas Gerais.
Ela voltou para o Maranhão e, em 1991 se formou em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e, em 2003 se formou em Enfermagem, também pela UEMA.
Já em 2005 ela fez pós-graduação em Educação Especial.
No texto de apresentação sobre Sônia, a Time ressaltou a resistência de Sônia contra o machismo, contra o massacre de povos indígenas e contra o neoliberalismo.
“Os pais de Sônia Guajajara não sabiam ler e ela teve que sair de casa aos 10 anos para trabalhar. Apesar disso, ela desafiou as estatísticas e conseguiu se formar na universidade. Desde tenra idade, ela lutou contra forças que tentam exterminar as raízes de sua comunidade há mais de 500 anos. Sônia resistiu e continua resistindo até hoje: contra o machismo, como mulher e feminista; contra o massacre de povos indígenas, como ativista; e contra o neoliberalismo, como socialista”.
Ativista e militante
Há anos a maranhense Sônia Guajajara tem sido reconhecida por diversas organizações em nível internacional e já foi homenageada com prêmios e honrarias como:
- Prêmio Ordem do Mérito Cultural 2015 do Ministério da Cultura;
- Medalha 18 de Janeiro pelo Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo, em 2015;
- Medalha Honra ao Mérito do Governo do Estado do Maranhão, pela grande articulação com os órgãos governamentais no período das queimadas na Terra Indígena Araribóia, em 2015;
- Prêmio João Canuto pelos Direitos Humanos da Amazônia e da Liberdade, pela Organização Movimento Humanos Direitos, em 2019;
- Prêmio Packard concedido pela Comissão Mundial de áreas protegidas da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), em 2019.
Sônia Guajajara é inspiração. Militantes e ativista por um Brasil que protege seu povo.
Boulos ainda destacou:
“Sônia é uma inspiração, não só para mim, mas para milhões de brasileiros que sonham com um país que quita suas dívidas com o passado e finalmente acolhe o futuro”.
Em 2024, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, foi uma das seis personalidades mundiais selecionadas para receber o Prêmio Campeões da Terra, concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em reconhecimento às ações em defesa das pessoas e do planeta. A divulgação ocorreu em Nairóbi, na sede do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
“Reconhecimentos que valorizem e disseminem o nosso saber são extremamente importantes, como é o caso deste prêmio Campeões da Terra. Agradeço ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente pela premiação e pela parceria nessa trajetória pela preservação da biodiversidade (…).
(…) Nossos modos de vida são baseados no respeito à Mãe Terra, no respeito à natureza e a todos os seres que partilham esse tempo e espaço conosco, seres humanos, na prevalência dos interesses coletivos em relação aos interesses individuais, no cuidado e na vivência em comunidade“, afirmou a ministra.
Para ela, a premiação reforça a responsabilidade e o compromisso indígena com a defesa e conscientização das pessoas sobre a urgência de proteção do planeta e da biodiversidade.
Durante o último governo, denunciou os ataques aos direitos indígenas ao liderar a Jornada Sangue Indígena Nenhuma Gota a Menos, que percorreu grande parte do país e outros 12 países.
Fontes: